Os últimos anos não têm disso nada fáceis para o Atlético Clube Marinhense. Submergidos em dívidas e envolvidos numa panóplia de processos judiciais, o passivo ultrapassa os 500 mil euros, as contas estão penhoradas e não se vislumbram soluções a curto prazo. Com tudo isto, o presidente do clube, Delfim Duarte, tem sido alvo de duras críticas, como se pôde constatar na última assembleia-geral do Marinhense, e um grupo de associados, entre eles João Ricardo Mendes, propõe alternativas, pedindo, inclusivamente, que Delfim Duarte peça a demissão.
“A situação a que o Marinhense chegou é insustentável. Queríamos que o presidente do clube percebesse que não está a ajudar o clube e que pedisse a demissão. Nós não queremos é que o clube acabe”, sublinhou João Mendes, acrescentando que, neste momento, a direcção do AC Marinhense está “fragilizada”.
Como alternativa, João Mendes diz que os sócios estão preparados para agarrar a liderança do clube, mas não o quer fazer “à força”. “Sou sócio do clube desde que nasci, há 30 anos. Fui atleta desta casa e um dia serei presidente. Tenho essa ambição, mas acredito que neste momento seria mais útil estando ligado ao futebol”, referiu João Mendes que, na passada temporada, foi director desportivo da equipa sénior, tendo saído antes do fim do campeonato, devido a incompatibilização com o presidente.
Por outro lado, Delfim Duarte diz não estar agarrado ao lugar e que deixará a presidência caso seja esse o desejo dos sócios. “Estou na presidência por vocação e não por interesses. Na hora em que os sócios entenderem que deva ir embora, eu vou. Não quero ser parte do problema, mas sim da solução. Contudo, não gosto que me empurrem. Eles [grupo de sócios] têm uma estratégia e se tiverem quórum, só têm que marcar uma assembleia e vou-me embora. Os nossos adversários e inimigos externos conhecemo-los bem e estão identificados, tenho pena é que também os haja a nível interno e que me tivessem atraiçoado”, frisou o presidente do AC Marinhense.
Em relação ao futuro do clube e às dificuldades financeiras, Delfim Duarte garante que há duas alternativas: “subscrever um empréstimo bancário” ou “alienar património”, rejeitando para já um Plano Especial de Revitalização (PER). “Um plano de recuperação não nos parece viável nem parece que possa ter êxito porque não temos dinheiro para pagar e pressupõe um acordo com os credores e as tentativas de diálogo com o principal credor não têm sido pacíficas”.
Apesar de tudo, Delfim Duarte refere que a actual direcção tem feito um trabalho meritório à frente de um clube “sem receitas”, tendo, mesmo assim, “amortizado o passivo, investido em infra-estruturas e mantendo todos os escalões de futebol”. Além disso, o presidente garante que o AC Marinhense terá uma equipa sénior na próxima época “construída dentro das possibilidades do clube”.
Para João Mendes, o clube merece mais e preconiza uma mudança total no rumo do clube, sugerindo que o AC Marinhense deveria enveredar pelo PER para renegociar o passivo, criar uma rede de protocolos com várias instituições, ter a câmara municipal como aliado, criar uma sociedade desportiva unipessoal por quotas, criar as secções de atletismo, BTT, futsal e veteranos, e não ter uma equipa de futebol sénior nesta temporada outros. “As coisas já deviam ter sido preparadas em Maio, como eu estava a fazer. Construir uma equipa em cima do joelho e só para participar, mais vale estar quieto”, frisou João Ricardo Mendes.
José Roque - Diário de Leiria